É como se eu estivesse te escrevendo pela última vez. Talvez seja por conta do tanto de informação que li a respeito do eclipse lunar que vem aí (em escorpião, seu local de detrimento) falando sobre ciclos, encerramentos e cura, perpassando o que aconteceu há exato 1 ano atrás, nesse mesmo mês. Também existe a possibilidade de que tudo que estou sentindo nesse momento não passe de uma insensatez do meu cérebro, ele querendo me enganar ou me autossabotar. A questão é: nunca me senti tão resoluta, não pretendo decepcionar a mim mesma. Na verdade, estou até aspirando pela dor que sentirei porque, dessa forma, penso eu, irei te libertar. Não quero, eu realmente não quero. Por mim, você continuava aqui, mas preciso admitir que, na verdade, você nunca esteve. Apenas eu. Tudo pode corromper quando te olhar nos olhos novamente. Mas preciso ser fiel a mim mesma, eu mereço uma resolução. Não quero fugir. Já ruminei inúmeras vezes aondecomoquando poderia introduzir esse assunto, dessa vez não quero pensar em nada pois sei que, ao te ver, todos os meus pensamentos ficam um grande bagunça, correm, se amontoam, não sei o que fica e o que se esvai. Quase como aquela luz estridente que explode na nossa cara quando nos sentamos numa cadeira de maquiagem, dentista ou cirurgia. Minha cabeça dá voltas e voltas confabulando o que você diria, o que sentia, se é que sentiu, se existiu ou se foi uma grande navegação mental. Penso que tirarei de você uma resposta, mas no final das contas, nem isso espero de você. Nunca me prometestes nada. De vez em quando, o resultado que espero se expõe nos meus pensamentos e me pego devaneando em como prosseguiria. Logo tomo conta de mim e relembro minha resolução de permitir faltar controle. Ai de mim como te desejo, uma solução positiva, mas ao mesmo tempo tendo medo dela. Então, desde já, estou me preparando para te expurgar, ansiando pela troca de escamas, o amadurecimento do meu lar que terei, apesar da dor e rejeição. Tenho esperanças, não vou mentir, ocultar, reprimir nem negar, estou no meio do mar e é como se visse o brilho verde inconstante de um farol lá ao fundo. Ela é como uma luz daquelas bem fraquinhas, mas prefiro apagá-la, já fiquei muito tempo penumbrando, para dormir tranquila, preciso do escuro total. Esse eclipse você já durou demais, eu mereço continuar. Essa luz que explode não é para se ver a olho nu, mas é assim que te vejo. É mais manso estar sozinha apenas com meus sentimentos a lidar ou duvidar. O tempo passa, passou, e não sei o que fiz dele. Essa aflição é tipo trampolim, no momento estou aqui embaixo, mas já já pego impulso e subo. High tide or low tide. Por muito esteve preso. Ok, vou puxar a âncora, abrir a gaiola e deixar partir. Vou ficar te olhando ir embora, sem embargo, permitirei. Dói dói dói abdicar de um sonho, de um ideal, ainda assim não me cabe mais, ficar aqui dentro também tem machucado, restringido meus movimentos. Me perdoe, no entanto precisar ir. De uma forma ou de outra, deixou uma marca em mim, você querendo ou não.

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